Como chegar em Caraíva?
Fizemos um voo do Rio para Porto Seguro. Muita gente me perguntou se há necessidade de alugar um carro. É possível contratar um transfer pelo valor de R$ 400,00 até Caraíva. As próprias pousadas fornecem o contato. Você só vai precisar do carro para chegar até Caraíva, já que lá é proibido o trânsito de veículos motorizados e as ruas são de areia. Se quiser ir à praia do Espelho ou em Trancoso, explico mais abaixo.
Nós preferimos o aluguel, porque estávamos com as crianças, o que daria mais conforto e liberdade. A contratação foi feita com a Locadora Movida.
O caminho mais curto é por Arraial d’ Ajuda. A balsa, localizada a 5 minutos do aeroporto, sai de 30 em 30 minutos e o percurso demora 10 minutos. Normalmente, tem fila. Levamos quase 1 hora. Há preferencial para cadeirantes, idosos, gestantes e crianças de colo.
Em dezembro de 2020, os valores das balsas eram: o carro com motorista R$19,10; cada passageiro R$ 5,15. Gratuidade para funcionários e estudantes de Porto Seguro.
Na saída da balsa você vai encontrar placas informativas para Trancoso (37 km) e Caraíva (69 km). A partir de Trancoso a estrada é de terra, com buracos e muitas lombadas. É tão linda que merece paradas para fotos e, por isso, acabamos fazendo em 2:30 (da balsa até Caraíva). Chegando lá, o estacionamento mais próximo fica na entrada do barquinho que atravessa o rio até a vila (diária de R$ 30,00).
Trancoso para Caraíva Vibre na estrada
Atenção: você vai encontrar vários estacionamentos apontando ser o último, mas vá até o final da via!
Indo de ônibus, o menor trajeto também é por Arraial d`Ajuda, via Trancoso. Então, pegue a balsa e atravesse o rio. Do outro lado, tem o ônibus da viação Brasileiro. Fique atento, pois existem apenas dois horários por dia.
A travessia de canoa leva 5 minutos e custa R$ 5,00 por pessoa. Já chegamos com o pé na água. Até a pousada, pegamos uma carroça para levar as malas (R$ 30,00).
Onde se hospedar?
Pesquisamos bastante, pois tivemos dúvidas se era melhor ficar na praia ou próximo ao rio Caraíva. Optamos por uma pousada na praia, com piscina. Foi uma boa escolha. Vou colocar aqui outras opções para a família.
Ficamos na Pousada Villa do Mar Caraíva. O que me chamou a atenção quando fui escolher foi a piscina com o Buda. Essa viagem para a Bahia tinha conexão com a da Tailândia, que fizemos no início do ano de 2020.
Quarto da pousada
A pousada nos surpreendeu positivamente! Além da localização perfeita na praia, próxima ao rio, tinha um axé e um dendê pra lá de especial A comidinha na piscina, café da manhã com pudim de tapioca, bolinho de chuva… uma cama que abraçava a gente. E a banheira de tronco? Sem contar que o Alano e o João nos atenderam super bem, passaram dicas de tudo, realizavam os desejos, sempre com bom humor! E se eu voltar? Quero ficar lá de novo!
Piscina Pudim de tapioca no café da manhã
As crianças amaram!
Anote as outras que gostamos.
A Pousada Casa da Praia: fica quase ao lado de onde ficamos, em frente à praia. Os quartos são amplos e a área da piscina é um espetáculo. Aliás, mesmo que não se hospede nela, reserve um fim de tarde para curtir no bar em frente, na areia.
Pousada da Lagoa: é muito charmosa e aconchegante, possui uma preocupação com o meio ambiente e utiliza técnicas de sustentabilidade. Com apenas cinco bangalôs oferece um ótimo atendimento e a localização é próxima ao rio.
Pousada Cores do Mar: a localização é em frente à praia. Possui quartos família com ar condicionado, piscina grande, jardim e aceita pets. As acomodações são confortáveis.
Corumbau: e lá vamos nós! De buggy!
Reserve um dia para ir até Corumbau de buggy. O passeio é realizado, normalmente, pelos índios da região, o que o torna ainda mais atraente, porque eles vão contando curiosidades sobre o local e seus costumes. Muito interessante para as crianças. Aliás, um programa super tranquilo para elas. Não há perigo nenhum.
O índio Ezio nos buscou na pousada e fomos caminhando até o buggy. Como já disse, as ruas de Caraíva são de areia e é proibido o uso de veículos motorizados. Necessidade de autorização para dirigir o buggy.
Buggy para Corumbau
São 13 km por dentro da mata e em uma estradinha de areia, passando pelas aldeias do Xandó, Barra Velha e, depois, pela beira do mar. Paisagem linda! Que alegria! Campos molhados verdinhos, rios, mangue… uma beleza selvagem que ainda não foi desbravada pelo homem.
Como Cabral, avistamos o Monte Pascal, apontado pelo nosso guia.
O buggy vai até certo ponto. Fomos recebidos por um grupo de crianças indígenas vendendo colares. Fiquei mais encantada com as crianças do que com os colares! Eles perceberam e logo gritaram: “bora brincar!” Depois, na praia, comprei travessa e colher de pau. Muito importante incentivar a economia da comunidade local. As crianças conversaram e brincaram.
Pegamos uma canoa para atravessar o rio Corumbau (2 min), necessário devido à profundidade.
Canoa atravessando o rio
Chegamos na Ponta do Corumbau. Esse nome se deve ao fato de a maré baixa formar uma ponta de areia de 1 km para dentro do mar. Além disso, há o encontro do mar com o rio.
Chegada em Corumbau Corumbau
A praia tem 3 km. Em grande parte, é deserta e paradisíaca, com exceção da ponta, mais cheia e turística, onde ficam os quiosques. Nessa época do ano (fim de novembro), está tudo mais vazio, porque não é alta temporada. Perfeita! No verão o local é super disputado.
Praia de Corumbau As crianças
De acordo com o Fernando, atendente do bar do Loirinho, esse é só o começo de uma série de praias paradisíacas. Ou seja, seguindo para o lado direito (de frente para o mar), muuuitas praias desconhecidas e mais bonitas. Então, se estiver com tempo, vale a pena explorar essa região.
Axé da Bahia Vibre em Corumbau
Saímos de lá por volta das 16:00, para dar tempo de assistir ao pôr do sol na Prainha. Não pode faltar no roteiro! Estávamos cansados, mas o Ezio falou tão bem desse lugar que aceitamos o convite. Quando vi aquilo! Meu Deus, me belisca! Vibrei muito!!!
Um rio com areia e vegetação em volta formando uma paisagem lindíssima do alto para o rio. Água quentinha, cor de Coca-Cola. Havia pouca gente e vimos alguns de mala e cuia para passar o dia.
Visão de cima da Prainha Prainha
Pesquisei bastante sobre Caraíva e não vi muita ênfase na Prainha. Até pensei que fosse o encontro do mar com o rio Caraíva, que realmente forma uma praia e um bom local para ver o pôr do sol, mas esse é chamado de Barra. Então, coloque no seu roteiro, combinando com Corumbau.
Algumas pessoas me perguntaram se seria possível ir de carro e por conta própria para lá. Olha, até dá, o caminho é por dentro de fazendas, em 150 km de estrada de terra (4 horas). Não vale a pena fazer o bate e volta.
Valor do buggy: R$ 100,00 por pessoa. Criança até 8 anos paga metade.
Dia de aventura! Caraíva/ Espelho andando por 9 km
Ninguém incentivou a ida, porque estávamos com as crianças! Afinal, 9 km de caminhada. Pensei: eles já andaram 3 horas no Hyde Park quando eram pequenos… agora, tranquilo! A volta seria de barco.
Começo da nossa aventura
Antes de ir, não esqueça de observar a hora da maré baixa. Programe a saída para 1 hora antes. Isto para que possa caminhar na areia dura e não ficar preso entre uma praia e outra com a maré cheia. Quanto mais cedo, mais fresco. Levar uma garrafa de água e protetor solar. Ir com camisa de proteção, chinelo, papete ou tênis confortável e para molhar.
Seguimos para o rio Caraíva, atravessamos de barquinho (R$ 5,00 por pessoa). Depois da travessia, cronômetro ligado! Fomos sem pressa. Nossa primeira meta: praia do Satu (40 minutos do rio para o lado esquerdo de quem olha para o mar).
Rio Caraíva
Fomos caminhando, curtindo a paisagem selvagem e deserta. Conversando, cantando e mergulhando, sem perder o foco que a maré estava subindo. Passamos por várias prainhas até chegar à praia do Satu. Incrível! Valeu a ida até lá! Inclusive, se estiver cansado, alguns barcos levam até à praia do Espelho, mas preferimos seguir andando. Essa é uma dica importante, que ninguém deu: vale aproveitar o Satu e depois pegar um barco até o Espelho.
Coloque na sua lista a praia do Satu. Rústica, good vibes, perfeita para crianças e com duas lagoas.
Praia do Satu
Nossa caminhada seguiu até a primeira lagoa do Satu de água doce formada pelo rio, separada por uma pequena extensão de areia do mar. Sensacional! Nos refrescamos por um bom tempo ali, admirando o visual.
Lagoa do Satu
Mais alguns passos e uma paradinha logo adiante para refresco e descanso. A lagoa de água salgada possui falésias e sem contar no encontro do mar com o rio, formando várias piscinas naturais! Muita beleza para um lugar só! Vibrando muito!
Falésia na lagoa salgada do Satu Lagoa salgada
Havia um grupo que também estava indo para lá, porém seguimos em frente com receio de a maré subir.
Depois da terceira falésia há um morrinho indicando o Espelho. Lá em cima, uma barraca vendendo bebidas. O rapaz da venda nos disse que faltavam 40 minutos. Cansados, mas com energia para esse resto de estrada, fomos em frente. Passamos várias pequenas trilhas, inclusive dentro de uma fazenda, seguindo as placas improvisadas.
No meio da jornada Água de Coco Caminho por dentro da fazenda
Descemos e alcançamos uma bela praia! Obaaa!! Chegamos… só que não! Cadê a estrutura com quiosques? Avistamos mais uma plaquinha com a indicação de continuar à esquerda. Andamos mais… Outra praia! Os 40 minutos se aproximavam e sem sinal da Praia do Espelho. Ninguém pelo caminho.
Chegamos em mais uma prainha paradisíaca e, qual foi a nossa surpresa, no final do canto esquerdo, o mar já tinha atingido as pedras e não tínhamos passagem! Havia uma trilha por cima do morro, pelas pedras, só que não sabíamos se seria o caminho correto.
Tínhamos três opções: voltar tudo, esperar a maré baixar para atravessar ou esperar um barco passar e fazer sinal.
Fim da estrada
Sentamos na areia desanimados e o grupo que estava nas falésias nos alcançou. Um dos componentes era uma menina local, fez algumas tentativas de ultrapassagem e, finalmente, nos mostrou o caminho subindo as pedras e beirando o mar. Fomos todos juntos.
Parecia muito longe, no entanto foram apenas 5 minutos. Por isso, calcular bem e lembrar sempre do nível da maré até o final!
Enfim, chegamos no Espelho! Exaustos, mas felizes com o desafio vencido! Para as crianças foi uma verdadeira aventura! A volta foi de barco, podendo contratar na hora facilmente. Muitas lanchas fazem esse serviço. Elas ficam no final do canto esquerdo na praia do Espelho.
Quer saber se valeu? Valeu muito a pena. Na próxima, iremos até o Satu caminhando e pegaremos um barco até o Espelho.
Pôr do sol
Se você aguarda ansiosamente esta hora do dia, há cantinhos especiais para apreciar esse espetáculo da natureza. Então, anote ai!
Barra de Caraíva: no encontro do mar com o rio, onde os viajantes chegam de seu passeio. Há cadeirinhas e mesas para você relaxar, tomando uma água de coco;
Prainha: a famosa praia de rio tem chão de areia e água cor de Coca-Cola, quentinha. O pôr do sol é fascinante! Geralmente, se combina com o dia na praia em Corumbau, via Buggy, ou pegar uma lancha no rio Caraíva.
Boteco do Pará: fica na beira do rio. Ambiente despojado, daqueles para você não ir embora e emendar uma noitada com roupa de praia. Os barquinhos parecem pintura… chopinho e pastel de arraia. Rs! É bom mesmo!
Boteco do Pará Pastel de arraia
Dica bônus: noite de lua cheia, corra para a praia depois do pôr do sol. A lua reflete no mar e a praia fica toda iluminada!
Caraivei!!!
Me apaixonei tanto por esse lugar que escrevi um texto que foi publicado na Revista A Mais Influente.
Esse axé não tem igual! Bateria carregada nessa terra de desprendimento, desapego e simplicidade. Onde o altar é pra Nossa Senhora, Yemanjá, Buda e quem mais couber…
Ao chegar, já tive que tirar o sapato e colocar os pés no chão!
Pés descalços em Caraíva
A nova, nem tão nova, moradora de Caraíva (residente há 8 meses), vendedora de uma das lojinhas descoladas, fez um resumão ótimo: excluindo os baianos, a população é de 70% mineiros, 20% cariocas, 5% paulistas e afins e 5% indígena.
Muita gente vem pra cá passar uns dias e acaba morando. Dá pra entender totalmente! Pela foto, parece que já vou ficar de vez, né?
Um lugar paradisíaco, onde não há carro, as ruas são de areia, a luz chegou em 2007, há encontro do mar com o rio e encontro de gente! Onde tudo vai funcionando sem pressa, de boa, com a vibe chamada de axé e pronto! Todo mundo fala “pronto” e eu gostei! Pronto falei! Até rimou! Pronto de novo!
Casinhas Coloridas Muros da Duca
Eles vivem da carroça (R30,00) e da travessia (R$5,00 por pessoa) de barco, além do turismo!
Para tirar foto na casinha mais famosa: rua do Cruzeiro, pertinho do Bar do Pará.
Dá vontade de ficar mais uns dias …
Comprinhas em Caraíva
O artesanato local é uma graça. Você pode encontrar barraquinhas na beira do rio vendendo artigos indígenas e baianos. Gosto sempre de levar uma lembrança local.
Para quem gosta de lojinhas descoladas, há várias na rua principal e na dos restaurantes.
Muita gente pergunta quantos dias em Caraíva e Trancoso. A combinação é boa, por isso sugiro não fazer bate e volta, pois os dois lugarejos têm muito a oferecer e são diferentes.
Caraíva, Trancoso ou Espelho?
Caraíva, a vibe é mais rústica, ruas de areia e algumas sem iluminação à noite. Não pode veículos motorizados. Galera descolada e despreocupada. Banho de rio e praia. Bate e volta em Corumbau.
Boa vibe
Trancoso, uma pegada mais sofisticada. Lojinhas e restaurantes mais selecionados. Gente bacana e arrumadinha. Clubes de praia. Carro e táxi para se locomover. Quadriciclo nas praias mais afastadas.
Espelho, nem lá, nem cá, um meio termo e metade do caminho entre Caraíva e Trancoso. Lado direito mais deserto e selvagem. Lado esquerdo mais badalado e com clubes de praia. Bate e volta nas duas anteriores.
Então, escolha o número de dias de acordo com o seu gosto. Veja o nosso roteiro em Caraíva e Trancoso. Fizemos 3 dias em Caraíva e 3 em Trancoso.
Roteiro de 3 dias em Caraíva:
Dia 1: Passeio de buggy até Corumbau. Fim de tarde banho de rio na Prainha e Bar do Pará.
Dia 2: praia e lagoas do Satu. Fim de tarde no Bar da Casa da Praia ou Coco Brasil. À noite, se perder nas ruazinhas sem iluminação e passear na avenida principal.
Dia 3: curtir a praia por ali ou bate e volta na praia do Espelho. Foto na casinha “Sorria, você está em Caraíva”. Conhecer o artesanato local.
Corumbau
Caraíva: o que não pode faltar?
- Bar do Pará para comer um pastel de arraia e jogar conversa fora perto do “ponto dos mentirosos”! Bem pitoresco.
- Final de tarde no rio! Sente em uma das cadeirinhas para curtir o sunset.
- Prainha: o banho de rio no final da tarde com visual pra você vibrar muito!
- Forró do Pelé! O forró é programa cativo.
- Foto na casinha “Sorria, você está em Caraíva”. Primeira rua à esquerda depois do bar do Pará.
- Praia do Satu! Praia mais afastada e rústica com duas lagoas: uma de água doce e outra salgada, além de falésias.
- Beach Lounge: Casa da Praia e Coco Brasil.
- Se perder nas ruazinhas, principalmente à noite, já que algumas não têm luz!
- Olhadinha no artesanato local! Cada coisa linda! Barraquinhas na beira do rio.
- Deixar o tempo passar. Lá pede um momento contemplativo.