A pergunta que mais me fizeram foi: Por que Islândia? O que tem lá? Se você está se fazendo essa pergunta e chegou aqui por acaso, vamos dar um grande passeio e ver o que me levou até a “terra do gelo” (significado da palavra Islândia).
Bom, tudo começou com o meu filho Rodrigo, que gostaria de ver a aurora boreal. Então, nas pesquisas percebi que a Islândia seria interessante. Depois, fiquei com receio do frio e das estradas fechadas. Sou friorenta e fujo um pouco das viagens com neve.
No entanto, observei que o país era muito mais do que a aurora boreal, as paisagens são lindas, a natureza é viva e bem diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil (Gêysirs, praias de areias negras, crateras vulcânicas, cataratas e etc). Uma viagem contemplativa e de inspiração para vibrar internamente. Destino concorrido nas férias de verão europeias, principalmente entre alemães e italianos.
Nessa época, é possível conhecer praticamente todo o país, pois a estrada principal, chamada de Ring Road, é excelente. Além disso, escurece mais tarde, possibilitando um dia maior e com muitas atrações. Fomos no final de agosto e o pôr do sol era 21:30. No inverno, a instabilidade climática provoca o fechamento de estradas e a mudança de roteiro dos viajantes.
Não é tão longe como a maioria pensa. O nosso vôo foi do Rio de Janeiro para Paris. De lá, mais 3 horas até o aeroporto internacional de Keflavik. Da Islândia para Nova York, são quase 6 horas de vôo, há vôos diários.
Pisando na Islândia
Fizemos uma viagem de 12 dias inteiros e rodamos 3.100 km. Começamos em Reykjavik no sudoeste. Seguimos para Vik, no Sul. Depois, subimos para o Leste. Passamos pelo Norte, região belíssima do Lago Myvatn. Descemos pelo oeste até a capital novamente.
A estrada principal e que contorna a ilha é a Ring Road com um total de 1.339 km. Pavimentada e bem sinalizada, em mão dupla. Não há pedágios. As estradas secundárias são de cascalho e pedrinhas. Fato curioso é de que não possuem acostamento e, isto se deve, à baixa densidade demográfica do país, pois antigamente não havia muitas pessoas circulando. Somado a isso, o alto custo das obras de acostamento.
Sentada na Ring Road Ring Road
Outra peculiaridade que percebemos, é a ponte para um carro só. Engraçado, né? Pelos mesmos motivos acima, baixa densidade e economia. Elas foram construídas na década de 70.
Há controle de velocidade e a multa é alta para quem desrespeita. Então, não ultrapasse o limite.
Para entrar no país, veja o que é preciso
Pegamos um vôo da Airfrance com conexão em Paris. Fique atento aos protocolos de segurança contra a covid-16 de cada País, inclusive se é possível a entrada de brasileiros. Normalmente, no site do governo ou do Ministério do Exterior de cada país as normas estão dispostas.
Para a França, o site do Ministério do Interior francês exige: o certificado internacional de vacina, facilmente retirado no aplicativo do Conect SUS; o PCR negativo 48 horas antes do check in, emitido em inglês pelo laboratório.
Para entrada na Islândia, é preciso preencher o formulário on line para obter um QR code (pré registro), o certificado internacional de vacinação, passando de 14 dias da última dose e o PCR negativo 72 horas antes do primeiro check in. Para maiores informações e atualização das medidas, consulte o site: https://europa.eu/youreurope/citizens/travel/travel-and-covid/iceland/index_pt.htm.
Quando fomos, a Coronavac não era aceita, mas atualmente sim. Importante sempre consultar os protocolos de entrada no país, pois mudam a todo o tempo.
Não há necessidade de visto para brasileiros.
A chegada é no aeroporto internacional da cidade de Keflavik e, não na capital Reykjavik, ao contrário do que muita gente pensa. Está localizado a 50 km.
Informações básicas e curiosidades:
Capital Reykjavik
- Capital: Reykjavik
- Fuso: + 3 horas
- Línguas: islandês (impossível) e inglês (são fluentes).
- Moeda: coroa islandesa: 1 dólar equivale a 120 coroas. Trocamos no aeroporto, mas adianto que em todos os lugares aceitam cartões de crédito. Não aceitam euro em alguns locais e, nem sempre, a cotação é boa.
- Religião: luteranismo.
- Chip de internet: troque antes da imigração do aeroporto. Após a imigração já é a saída. Nos postos de gasolina, também é possível. A conexão é ótima e em quase todos os lugares a internet funciona, inclusive na estrada.
- Como se locomover? A melhor forma é de carro, pois as distâncias de uma atração para a outra são longas e ficam fora das cidades. O aluguel de carro costuma ser caro e em alta temporada se esgotam, devido à alta procura. O ideal é fazer a locação com antecedência, com a finalidade de economizar e de garantir o seu veículo. Use o RentCars para ter a melhor cotação e pagar em real.
Alugamos um carro modelo econômico e simples. Foi perfeito para o verão. Se for no inverno, alugue um 4×4, próprio para neve. Fato interessante é a contratação de seguro. Não deixe de incluir contra porta, pois os ventos arrancam as portas e o de pedrinhas na lataria.
Não há necessidade de carteira internacional de habilitação. No entanto, é sempre recomendável levar. Nós usamos a carteira nacional, mas levamos a internacional. Importante lembrar que só é válida com a nacional. Resumindo: leve as duas!
Além de carro, é possível alugar vans como a Camper van ou motorhome. As vans são utilizadas para evitar a hospedagem em hotéis ou para deixar o viajante com mais liberdade. No entanto, é preciso estar atento aos locais permitidos para pernoite. Alguns são pagos e outros são proibidos sujeitos à multa. A van, na parte de trás, é uma mesinha com cadeira durante o dia e se transforma em cama à noite. Há diversas empresas de aluguel.
Camper van Motorhome
Importante lembrar que no inverno, esses veículos não são muito utilizados, pois há necessidade de 4×4 e próprio para neve.
Há ônibus de turismo com excursões.
- Melhor época: o inverno é muito procurado para ver a aurora boreal e as paisagens brancas, cobertas pela neve. No entanto, sujeita a estradas fechadas e mudança de roteiro. Além disso, os dias são menores.
- No verão, entre junho e julho, os dias possuem 24 horas, o sol da meia noite. A alta temporada europeia é em julho e agosto. As estradas estão abertas e há possibilidade de ver baleias. Mais difícil de ver a aurora.
Verão na Islândia
- Quantos dias? Nós fizemos em 12 dias a volta completa na Ring Road. Foi intenso, mas não achei corrido. Há quem faça o mesmo percurso em 7 dias, mas diminuindo o número de paradas. Se você quiser uma noção da Islândia, mas não quer ver tudo, 5 dias está de bom tamanho.
- Temperatura média: verão: de 10 a 14 graus, e inverno: de -5 a 0 grau, podendo chegar a -15 C à noite.
- Culinária: muito saborosa. Os legumes são cultivados em estufas, então não há conservantes. Além dos legumes deliciosos há salmão, ovelha e peixes em geral. Há uma preocupação com a comida fresca e saudável.
- Natureza: presença de vulcões, gêiseres, fontes termais. campos de lava, aurora boreal, sol da meia noite, praias de areia negra, cachoeiras.
- População: terceira menor densidade demográfica do mundo.
- Hospedagem: as principais redes hoteleiras são a Icelandair e o Fosshotel. Em pequenos vilarejos, é possível encontrar Guesthouses. Essas, inclusive podem ser com banheiros compartilhados.
- Há necessidade de guia ou é possível fazer por conta própria? Fizemos tudo por conta própria. Não há necessidade de guia, mas recomendo a Érika, uma brasileira que é guia na Islândia. O curso de guia é difícil e exige bastante esforço. Não conseguimos nos encontrar por conflito de agenda, mas ela ajudou com muitas dicas. O instagram dela é o @islandia_expert.
- Crianças: o país é kids friendly, ou seja, recebe bem as crianças. Há kids menu e estão disponíveis para preparar algo especial para os pequenos. Eles vão aproveitar as atrações, principalmente os vulcões, cachoeiras e praias vulcânicas. As muitas histórias e curiosidades vão a atrair a atenção.
- Idosos: grande parte das trilhas é de fácil acesso e curtas, o que permite a visita de idosos que gostem de programas de natureza e não se importam com caminhadas. No entanto, é importante dizer que há atrações com longas caminhadas e subidas.
- Atrações e banheiros: a maioria das atrações está em propriedades privadas. Há uma lei que obriga os proprietários a concederem o livre acesso gratuito, todavia alguns vêm cobrando o estacionamento para manutenção. Há banheiros com roleta, cobrando o valor de 200 coroas islandesas. Normalmente, são limpos.
Banheiros nas atrações
- O que levar na mala? Vai depender se você vai no verão ou no frio. Para a mala de verão: parte superior (segunda pele/térmica, fleece, casaco impermeável 3 em 1 com capuz); parte inferior (térmica e calça impermeável); meia de lã, tênis ou calçado antiderrapante e à prova d`água; luva, gorro e cachecol. Roupa de banho para as fontes termais, toalha de secagem rápida, se não quiser alugar. Garrafinha de água: abastecer em bebedouros e torneiras. A água fria é puríssima.
Curiosidades:
A Islândia está situada no cruzamento de duas placas tectônicas da América do Norte e da Euroásia. Aliás, é possível ver nitidamente e caminhar entre os dois continentes no Parque de Thingvellier.
É a segunda maior ilha europeia. A primeira é a Grã-Bretanha.
Os trolls, elfos e duendes são elementos da natureza e muito respeitados, como forças sobrenaturais.
Os vickings noruegueses foram os primeiros habitantes.
Filmes e séries gravados: Game of thrones, Trapped, Viagem ao Centro da Terra, Batman Begins, Lana Croft: Tomb Raider, 007: Um Novo Dia para Morrer, Star Wars: O Despertar da Força e outros.
Água puríssima, diretamente das fontes naturais para a torneira. Há dois canos na saída de água: a quente e a fria. Ligue a água fria e deixe correr por um tempo, depois você pode beber tranquilamente. A água quente, em algumas regiões do país, sai com cheiro de enxofre, inclusive no chuveiro, mas não faz mal para a saúde. Assim, não esqueça de levar a sua garrafinha para abastecer. Não compre água!
Não há mosquitos e baratas, pois não resistem às baixas temperaturas no ciclo de reprodução. No entanto, há uma mosquinha semelhante à drosófila no Norte do país. Em algumas atrações o cheiro forte de enxofre e a quantidade desses voadores atrapalham tanto que alguns compram um chapéu com uma tela mosqueteira.
Roteiro de 1 dia na capital da Islândia Reykjavik
A capital é uma graça e bem pequena. Dessa forma, é possível conhecê-la em uma manhã ou uma tarde. Sugerimos o roteiro que fizemos.
Começamos na Hallgrímskirkja, a famosa igreja luterana, que é considerada o símbolo da capital islandesa e cartão postal. É a maior da Islândia. É possível subir gratuitamente na torre e ter uma visão panorâmica. No entanto, não é a catedral. Esta é menor e mais simples.
Igreja luterana Hallgrímskirkja
Descendo a rua Frakkastígur até o mar (Oceano Atlântico), onde encontra-se a escultura de aço Viajante do Sol, projetada na década de 80, por Jón Gunnar Árnason, conhecida também como do barco viking.
Escultura Viajante do Sol
Siga caminhando pela orla até o Harpa Concert Hall and Conference Centre, casa de concertos e centro de conferência, que abriga a orquestra sinfônica. O prédio possui uma arquitetura super moderna e arrojada, com vidro e aço, permitindo que a claridade entre. Os vidros em formato de colmeia foram inspirados na paisagem basáltica da Islândia e os desenhos geométricos compondo o design, na natureza islandesa. Monte o seu totem em frente.
Harpa Concert Hall and Conference Centre Vidros em formatos de colmeia e totem em frente
Atravesse a rua principal e suba até a zona portuária, chamada de Old Harbor. Passeie na Austurvöllur, a mais famosa praça, onde se situam o Parlamento e a catedral, e tome um café por ali ou reserve um dos restaurantes para o jantar. Fomos no Apotek e achamos a experiência maravilhosa.
Praça Austurvöllur Restaurante Apotek Sobremesa
Não deixe de provar o “melhor cachorro quente do mundo” (Bæjarins Beztu Pylsur), com salsicha de cordeiro. Fica em um quiosque bem pitoresco pertinho dessa praça. Fique de olho no cachorro quente, pois há uns pássaros rodando por ali, esperando para dar uma bicada na salsinha. Risos!
Cachorro Quente
Siga para a rua badalada de comércio e com muitos grafites, Laugavegur, e depois para a Rua Skólavödustígur. Há bares e restaurantes, lojas com roupas de frio e souvenirs, grafites e casas pitorescas daquelas que encantam todos os turistas.
Grafites em Reykjavik Ruas de comércio em Reykjavik
Termine a caminhada no Tjörnin, lago lindo, repleto de aves aquáticas, próximo à Prefeitura e aos museus.